Estive esta semana na Universidade e algo me chamou a atenção. Havia três pessoas conversando sobre um cartaz que encontrava-se em um dos murais de informações do setor de aulas. Ao ouvir a conversa, passei a prestar atenção e ver a opinião deles a respeito do assunto de que se tratava o cartaz: “Gnose”. Um deles, acredito que tenha estudado algo sobre o ocultismo, estava explicando que a Gnose era “a doutrina do Samael Aum Weor”. Outro afirmou ter participado da doutrina, mas acabou se afastando por que a achava algo que beirava à loucura, pois, segundo ele, Samael “viajava muito na maionese”. O terceiro deles, acredito que seja um evangélico, afirmou que tudo aquilo era obra do demônio e que somente “o senhor Jesus” salvava.
            Pois bem, o que quero tratar a partir deste relato é a visão que muitos estudantes de ocultismo adquirem acerca da Gnose. Justamente esta visão fundamentada no pensamento “samaelita”. O que podemos ver é uma verdadeira mescla de magia hindu, teosófica e demonologia cristã. O gnóstico de hoje passa a ter o Samael como o “Avatar da Era de Aquário”, título este concedido ao Samael por ele mesmo (o que já tira um pouco de sua credibilidade). Outro ponto importante que muitas pessoas têm dúvidas é em relação ao método de magia sexual descrito por Samael (não vou me aprofundar no assunto, pois em outra postagem falarei sobre a magia sexual). Segundo ele, não devemos em hipótese alguma, derramar uma gota de sêmen durante a vida. Isso é muito contraditório, pois ele mesmo tinha filhos. Mas, a meu ver, apesar de toda loucura, Samael trouxe algo de proveitoso à Gnose. Um deles é a proposta educacional, visando o despertar da consciência espiritual do ser-humano, encontrado no livro “Educação Fundamental”.
            Voltando agora à conversa dos três universitários, gostaria de esclarecer algo. A Gnose não é a doutrina de Samael (ele surgiu no século XX, enquanto que a Gnose é datada do período helenístico); ela nem sempre foi uma mescla de orientalismo com demonologia cristã, pois pela própria datação de seu surgimento, podemos perceber que o cristianismo ainda não havia surgido; e a mais importante de todas as suas características: ela possui um caráter maniqueísta, devido à grande influência da religião masdeísta, originária da Pérsia (que graças ao helenismo se difundiu na Europa ocidental). O próprio termo Gnose vem do grego e significa “conhecimento”, mostrando que é uma doutrina bem mais antiga do que a filosofia “samaelita”. Somente no período medieval, por volta do século XII, é que a Gnose ganhou uma roupagem cristianizada, sendo praticada pelos Cátaros, um dos primeiros grupos cristãos que tentaram uma reforma religiosa. Estes utilizaram os elementos do maniqueísmo persa aliados à filosofia do catolicismo medieval, surgindo aí, os primeiros elementos cristãos na doutrina.
            Diante de tudo isto é necessário procurar saber o que realmente é a Gnose antes de a generalizar como “a doutrina de Samael Aum Weor”, pois antes dele, houve todo um processo de incorporações e reformas na estrutura da doutrina. A melhor definição sobre a Gnose é que ela é pura e simplesmente “a busca pelo conhecimento das forças ocultas”, sendo bem mais do que simplesmente caçar larvas astrais e não ejacular.

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