Não é incomum entre os contemporâneos chamar as práticas ligadas ao ocultismo de ciência, arte, sabedoria ou qualquer outro adjetivo que muitas vezes não são compatíveis ao ocultismo. Irei neste breve texto, esforçar-me para compreender o que se pode entender pelo ocultismo e sua prática, sobre os adjetivos sobre ele colocados e trazer dúvidas sobre o mesmo. Adianto aos meus leitores que meu objetivo aqui não é causar nenhum tipo outro de sofrimento que não à reflexão.
  Para os desatentos, é comum a afirmação que nada diz de que “O ocultismo é o estudo do oculto”, tal proposição carece de todo sentido, pois não posso estudar o que está oculto a menos que o revele, desse modo o ocultismo é então a atividade de desvelar aquilo que não pode ser prontamente percebido e a partir disso estuda-lo.
  Se só posso conhecer aquilo que é revelado, o ocultista não deve ser aquele que esconde o conhecimento, mas aquele que o trás a tona, afinal só posso velar o que antes estava desvelado. Sendo que o papel do ocultista é desvelar aquilo que deseja conhecer, ele deve ser capaz de compreender e de dizer com máxima claridade aquilo que diz respeito ao seu objeto de estudo, pois a partir do momento que o seu objeto de estudo não lhe aparece claramente, o ocultista então falhou em sua busca uma vez que o conhecimento que ele diz ter ainda lhe está oculto. A partir disso, todos os ditos ocultistas cujo objeto de estudo não é ou não pode ser compreendido por ele, e por sua vez não pode ser dito, não são ocultistas, são antes religiosos, charlatões ou até mesmo fracassados.
  Compreendendo um pouco melhor o ocultismo, comentarei sobre algumas de suas ocupações e dos grupos que dele se ocupam.  Qualquer um pode ser ocultista, mas não é qualquer um que o é. O fato de alguém ser bruxo, umbandista, místico, católico, satanista ou qualquer outra cousa semelhante não faz dele um ocultista.
  Os religiosos em geral, que leem, compreendem sua doutrina, mas limitam-se apenas àquilo que está posto(revelado) sem aprofundar-se no que ainda está oculto para então trazê-lo a tona, não são ocultistas. O satanista que segue suas crenças e rituais é apenas um religioso como outro qualquer. Percebam meus caros leitores, que o fato de alguém ser religioso não o faz inferior ao ocultista, porém devo lembrar que apenas são coisas com objetivos diferentes.
  O satanista passa a ser um ocultista, quando com um olhar crítico sobre sua doutrina, compreende nela o que ainda não foi dito, cria seu próprio sistema ao compreender a natureza de suas práticas, clareando o que era meramente símbolos dogmáticos e é capaz de trazer ao mundo seu conhecimento de forma clara. Um outro exemplo que podemos tomar são dos ocultistas cristãos. O ocultista cristão não é meramente aquele que por seguir uma ordem qualquer, faz a risca o que lhe é ensinado, independente de ter resultados práticos em seus atos mágicos ou não.
  Um exemplo para mostrar o que seria um ocultista cristão, seria o jovem e curioso estudante, que compreende ao seu modo, independente desse modo ser verdadeiro ou não, sua crença e os elementos que dela fazem parte, desvela significados ainda não descobertos,  como códigos bíblicos, sobre a natureza da criação, ou qualquer outro assunto ignorado, o ordena racionalmente para torna-lo claro e acessível. Podendo ou não, a partir de seus estudos, criar formas de comungar com o criador ou suas criaturas.
  O fato de alguém estudar textos sobre ocultismo, não faz dele ocultista, de igual modo que ler filosofia não faz de ninguém filosofo.  Aqueles que leem, estudam e praticam o ocultismo do sistema hermético, não é necessariamente ocultista, mas antes um hermetista. De igual modo que aqueles que leem e estudam o sistema filosófico de Descartes não são filósofos, mas cartesianos. O ocultista tem por objetivo desvelar e produzir conhecimento claro, o filosofo tem por objetivo o filosofar.
  Muito se confunde magicista com ocultista, a diferença entre um e outro é análoga entre a diferença entre um assistente de pedreiro e um engenheiro civil que tanto compreende a natureza do trabalho como também é apto a por a mão na massa.  O magicista contenta-se apenas em ter o resultados de seus rituais,  assim como o assistente de pedreiro contenta-se em martelar o prego seguindo a risca um projeto que ele tão habilmente ignora, apenas visando o resultado que suas marteladas podem trazer.
  Àqueles que tomam o ocultismo apenas como uma atividade prática, não são ocultistas e em nada diferem do assistente de pedreiro. O ocultismo não deve ser confundido com o tecnicismo que vive a contemporaneidade.  O ocultismo não se importa com o resultado puro, mas com o conhecimento que dele pode-se inferir. Aquele que importa-se apenas com o resultado prático é antes um magicista, ou para usar os termos mais modernos, é um técnico em magia.
   Posto que foi esclarecido do que se ocupa o ocultismo e quem são aqueles que dele se ocupam, vejamos outros problemas dentro deste mesmo tema.
   Muitos ocultistas tendem a buscar compreensão em assuntos tão obscuros, que qualquer descoberta, pode ser enganosa ou fruto de ilusão. Me refiro àqueles que buscam desesperadamente os além-mundos e os seres que supostamente lá habitam. Não afirmarei que tais seres, por mais fantásticos que sejam não existem, não me cabe dizer isso, mas posso afirmar que se existem, não dispomos de conhecimentos necessários para desvela-los. Um exemplo prático disso é o grande número de sistemas ditos ocultistas, que entram em constante contrassenso acerca do mundo espiritual e seus habitantes.
  Práticas ritualísticas que visam dar ao magicista o contato com um além mundo, são quase sempre enganosas, e tendem a aumentar ainda mais as dúvidas do que sacia-las. Por exemplo, enquanto o grupo (A) afirma ter evocado lúcifer e que este apresentou-se como um ser ardiloso, e tal feito foi repetido por todos do grupo com o mesmo resultado, o grupo (B), ao evoca-lo, depara-se com um ser dotado de conhecimento e boa vontade, enquanto o grupo (C) que possui mais céticos, inferi que o ritual nada mais é que um teatro para forçar ao magicista visões fantasiosas. Os três grupos que tentaram evocar o mesmo ser, com rituais semelhantes e tiveram resultados contraditórios, demonstram claramente que os sentidos, sentimentos e crenças humanas são enganosos e devem estar sempre sob nossa cautela. Pois ninguém poderá negar que “toda vez que dois homens formulam sobre a mesma coisa juízos contrários, é certo que um ou outro, pelo menos, esteja enganado.”¹
  Sobre esses assuntos de maior dificuldade, eu procuro me afastar, deixando-os com os religioso e os maus poetas, que são geralmente os que tendem a tratar deles.
  Prefiro dedicar-me a assuntos mais fáceis, que com muita dificuldade posso me enganar, e que caso me engane, possa também facilmente me corrigir. Me refiro às observações da natureza, de sua contiguidade com as coisas relativas a mente humana e quando me atrevo ao falar do que remete ao espiritual, tento partir de baixo para cima, compreendendo a partir do principio da analogia ou de correspondência hermética os objetos que desejo de algum modo desvelar.
  O ocultismo enquanto compreensão do mundo e dos seus estados de coisas, enquanto conhecimento, é uma ciência, podendo estar ou não sob uma ótica positiva, e dele deriva-se a arte, ou o conhecimento aplicado do qual chamamos magia. Magia não é ocultismo, mas seu conhecimento deriva dele. Tão pouco o ocultismo deve ser visto como uma sabedoria, no sentido de que tudo que ele pode nos trazer é questionável e falseável.
   Tal é a visão que vos apresento, pelo olhar vincuinano.





Notas:
1-     René Descartes, Regras para a orientação do espírito, página 6.
 





Referências Bibliográficas:

Descartes, Regras para orientação do espírito, Editora Martins Fontes, 2012.
Papus, Tratado de ciência ocultas (I), Editora três, 1973.
Três iniciados,O Caibalion, editora pensamento, 1997.

Praebere Sitientibus
Lord Vincus

2013

                A Bruxa Solitária, livro de Rae Beth foi escolhido como leitura desse mês para podermos ter uma visão de outro autor sobre como é ser uma bruxa ou bruxo solitário. A autora não trabalhou o conteúdo para ser um livro, eram cartas que ela enviava para dois amigos que gostariam de se tornar bruxos, ela trata de questões de vários âmbitos e todos dando a sua visão particular.
                Por serem cartas que ela enviava aos amigos o conteúdo do livro ficou superficial, nenhum assunto é tratado com profundidade e, como eles se comunicavam por telefone e se viam,  os temas as vezes ficam desconexos. Alguns assuntos são muito bons, mas outros nem tanto. Esse é o tipo de livro que você precisa garimpar informações e ver se retira algo interessante. Alguns desses temas interessantes são: transe, dica de livros e os sabats e esbaths. Ela ensina algumas técnicas fáceis sobre transe e o desmistifica, essas técnicas são interessantes para quem quer começar a praticar e não sabe por onde dar inicio,  ela indica alguns livros que a maioria de nós já conhece mas para quem é leigo já é um excelente começo. Ela escreve uma carta para cada sabat onde explica o que ele representa quais são seus elementos e manda um ritual pronto para eles fazerem, e manda também um modelo de esbath de lua cheia. Sobre os Sabats e Esbaths acaba sendo um conteúdo um pouco mais denso do que o que vemos pela internet e os modelos de rituais são bons para iniciantes usaram, então acaba sendo interessante.
Rae Beth dá uma visão muito particular sobre tudo e isso acaba incomodando um pouco, a sensação que temos é que ela não tem o conteúdo necessário para escrever e muitas vezes ela “viaja”. É claro que é importante sempre ter em mente que o livro é uma junção de cartas que ela escreveu a amigos que queriam sua orientação e alguém achou interessante tornar livro.
                O livro não apresenta conteúdos que são aprofundados, então até pra escrever essa resenha foi um pouco difícil, mas é uma leitura que acrescenta, porque você percebe a visão do outro, acaba ouvindo sobre temas às vezes desconhecidos e que acabam te causando interesse e vontade de estudar mais profundamente, e ler sempre vale a pena.

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